30 julho 2009

Epidemia de lucros

30 de Maio de 2009

A epidemia de gripe suína que dia-a-dia ameaça expandir-se por mais regiões do mundo não é um fenómeno isolado; é parte da crise generalizada e tem suas raízes no sistema de criação industrial de animais dominado pelas grandes empresas transnacionais. Sílvia Ribeiro

No México, as grandes empresas de criação de aves e suínos têm proliferado amplamente nas águas (sujas) do Tratado de Livre Comércio da América do Norte. Um exemplo é a Granja Carroll, em Veracruz, propriedade da Smithfield Foods, a maior empresa de criação de porcos e processamento de produtos suínos no mundo, com filiais nos EUA, na Europa e na China. Em sua sede de Perote começou há algumas semanas uma virulenta epidemia de enfermidades respiratórias que atingiu 60% da população de La Gloria, facto informado pelo jornal La Jornada em vários momentos a partir das denúncias dos habitantes do lugar. Eles, há uns anos, travam uma dura luta contra a contaminação causada pela empresa e têm sofrido, inclusive, repressão das autoridades por denunciar. A Granjas Carroll declarou que não está relacionada nem é a origem da actual epidemia, alegando que a população tinha uma gripe “comum”. Não foram feitas análises para saber exactamente de que vírus se tratava.

Em contraste, as conclusões do painel Pew Commission on Industrial Farm Animal Prodution (Comissão Pew sobre Produção Animal Industrial), publicadas em 2008, afirmam que as condições de criação e confinamento da produção industrial, sobretudo em suínos, criam um ambiente perfeito para a recombinação de vírus de distintas cepas.

Inclusive, mencionam o perigo de recombinação da gripe aviária e da suína e como finalmente pode chegar a recombinar em vírus que afectem e sejam transmitidos entre humanos. Mencionam também que por muitas vias, incluindo a contaminação das águas, pode chegar a localidades longínquas, sem aparente contacto direto. Um exemplo do que devemos aprender é o surgimento da gripe aviária - ver, por exemplo, o relatório de GRAIN, que ilustra como a indústria avícola criou a gripe aviária: http://www.grain.org/.

Porém, as respostas oficiais diante da crise actual, além de tardias (esperaram que os Estados Unidos anunciassem primeiro o surgimento do novo vírus, perdendo dias preciosos para combater a epidemia), parecem ignorar as causas reais e mais contundentes. Mais do que enviar cepas de vírus para o seu sequenciamento genômico a cientistas, como Craig Venter, que enriqueceu com a privatização da pesquisa e dos seus resultados (sequenciamento que, com certeza, já foi feito por pesquisadores públicos do Centro de Prevenção de Enfermidades em Atlanta, EUA), o que se torna necessário é saber que esse fenômeno irá continuar a repetir-se enquanto existirem os focos criadores dessas enfermidades.

Já na epidemia, são também as transnacionais as que mais lucram: as empresas biotecnológicas e farmacêuticas que monopolizam as vacinas e os antivirais. O governo anunciou que tinha um milhão de doses de anti-genes para atacar a nova variedade de gripe suína; porém, nunca informou qual o seu custo.

Os únicos antivirais que ainda têm acção contra o novo vírus estão patenteados na maior parte do mundo e são de propriedade de duas grandes empresas farmacêuticas: o zanamivir, com nome comercial Relenza, comercializado pela GlaxoSmithKline, e o oseltamivir, cuja marca comercial é Tamiflu, patenteado pela Gilead Sciencies, licenciado de forma exclusiva pela Roche. Glaxo e Roche são, respectivamente, a segunda e a quarta empresas farmacêuticas em escala mundial e, igualmente como no restante de seus remédios, as epidemias são as suas melhores oportunidades de negócio.

Com a gripe aviária, todas elas lucraram centenas ou milhões de dólares. Com o anúncio da nova epidemia no México, as acções da Gilead subiram 3%, as da Roche 4% e as da Glaxo 6%; e isso é somente o começo.

Outra empresa que persegue esse lucrativo negócio é a Baxter, outra farmacêutica global (ocupa o 22º lugar), e que teve um “acidente” na sua fábrica na Áustria, em Fevereiro de 2009. Enviou um produto contra a gripe para a Alemanha, Eslovénia e República Checa contaminado com vírus da gripe aviária. Segundo a empresa “foram erros humanos e problemas no processo”, do qual não pode dar detalhes, “porque teria que revelar processos patenteados”.

Não necessitamos enfrentar somente a epidemia da gripe; necessitamos enfrentar também a epidemia do lucro. Sílvia Ribeiro (jornal La Jornada, México, 28/04/2009)


29 julho 2009

Afogados na Peste

O RS estava sob o domínio - se ampliando - da febre amarela. Ela avançou da fronteira da campanha e sul, do alto Uruguai, e chegou na capital e arredores.

As medidas adotadas pela Secretaria estadual da Saúde foram absolutamente inócuas. Final de abril e perspectiva de maio, o governo Yeda e seu secretário da área passou a esperar que a chegada, por todos os santos, do frio, aniquilasse o mosquito, contivesse a doença mortal e a ignorância dos que achavam que matando os bugios estariam combatendo a expansão da doença (já que a política do governo indicava que não iria conter a expansão da doença).

A H1N1 começou no inverno no norte do planeta. Foi contida pela chegada da primavera e agora verão. A doença veio para o sul. No sul, os mais contaminados, inicialmente, foram os argentinos. Mas a contaminação atual no Brasil não é proveniente apenas dos irmanos argentinos, mas é autônoma, dos brasileiros. E nenhuma política consegue conter a doença. E, como o frio tem sido intenso nos estados do sul, os gaúchos estão entregues à sorte porque política para conter a doença, nem pensar.

Há uma situação política de incompetência ou outras prioridades no trato das questões sociais a partir da situação conjuntural?

E, para alem, da H1N1, a quantidade de pessoas com a gripe normal é muito grande. É grande sempre, dizem os médicos, mas com a ameaça da nova, nominada H1N1, parece que aumentou também a quantidade de pessoas com a gripe normal. Será normal?

O governo do estado não coloca como prioridade política do governo a solução deste tipo de problema social. A convicção do grupo que está no Piratini é de tratar primeiro, primeiríssimamente, as questões econômicas. Que sem resolver as dificuldades estruturais - que para eles quer dizer, o déficit causado com gastos sociais não se resolve as contradições estruturais que se acumulam. Focando este pensamento pensam potencializar a possibilidade de se manter no poder. A prioridade é a campanha de 2010 e se manter no poder. O resto a institucionalidade faz o serviço de afogar a revolta, o ódio, as perdas de todo tipo do povo.

O frio não está dando sinal de que vai ceder mas apenas hoje. Ameniza. Sai dos 5/6 para os 10/16 graus em Porto Alegre. Nas próximas horas, vai chover e esfriar. Vai dos 2/4 graus, de novo, chegando aos abaixo de zero em todas as regiões do estado.

Recebi o artigo abaixo, sem ser identificado. Mas é muito bom em sua lógica.
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PANDEMIA... DE LUCRO!

No mundo, todos os anos morrem dois milhões de pessoas vítimas da malária, que poderia ser prevenida com um simples mosquiteiro. E a mídia não diz NADA.

No mundo, todos os anos dois milhões de meninos e meninas morrem de diarréia que poderia ser tratada com um soro oral de 25 centavos. E a mídia não diz NADA.

Sarampo, pneumonia, doenças curáveis com vacinas baratas, causam a morte de dez milhões de pessoas no mundo todos os anos. E essas notícias não são divulgadas.

Mas há alguns anos atrás, quando a gripe aviária surgiu, inundaram o mundo de notícias, sinais de alarme… Uma epidemia, a mais perigosa de todas! Uma pandemia! Só ouvia da terrível doença das galinhas.

Porém, o influenza causou a morte de 250 pessoas em todo o mundo. 250 mortos durante 10 anos, para o qual dá uma média de 25 vítimas/ano.

A gripe comum mata meio milhão de pessoas todos os anos no mundo. Meio milhão contra 25.

Um momento. Então, por quê se armou tanto escândalo com a gripe aviária?

Simples. Porque atrás dessas galinhas havia um "galo", um galo de espora grande.

O Laboratório farmacêutico Roche com o seu já famoso Tamiflú, vendendo milhões de doses aos países asiáticos. Embora o Tamiflú é de efetividade duvidosa, o governo britânico comprou 14 milhões de doses para prevenir a população deles.

Com a gripe aviária, Roche e Relenza, as duas grandes companhias farmacêuticas que vendem esses antivirais, obtiveram milhões de dólares de ganância.

Antes com as galinhas e agora com os porcos. Sim, agora a psicose começou com a gripe suína. E os jornalistas do mundo só falam disto.

Eu desejo saber: se atrás das galinhas havia um "galo", atrás desses porcos não haverá um "grande porco"? Porque indubitavelmente são as multinacionais poderosas que vendem os remédios supostamente milagrosos.

E novamente a "bola da vez" é o "milagroso" Tamiflú? Quanto custa? US$50 a caixa! 50 dólares uma caixa de pastilhas? Que negocião!

A companhia norte americana Gilead patenteou o Tamiflú. O maior acionista desta companhia é um personagem sinistro, Donald Rumsfeld, o secretário de defesa de George Bush, "descobridor" das armas químicas que ocasionou a guerra contra o Iraque.

Os acionistas dos grupos Roche e Relenza estão se dando as mãos, felizes com as vendas milionárias do duvidoso Tamiflú.

A verdadeira pandemia é o lucro, a enorme ganância destes mercenários da saúde.

Se a gripe suína é uma pandemia tão terrível como anunciam os meios de comunicação, se para a Organização Mundial da Saúde (OMS) ela preocupa tanto por quê não declara isto como um problema de saúde pública mundial e autoriza a fabricação de medicamentos genéricos para a combater?