19 setembro 2009


Nota do MST e convocação da Coordenação dos Movimentos Sociais

Passado um mês da morte do sem terra Elton Brun da Silva, morto com um tiro pelas costas numa ação da Brigada Militar contra os movimentos sociais, desta vez, em São Gabriel, no dia 21/08/09, o movimento social vai realizar ato de protesto com a impunidade de sempre.

Até agora, depois que circulou que o assassino era um oficial, com declarações a imprensa de procurador Paiani, dizendo que sabia quem era ele, e a Brigada dizendo que já tinha apurado, mas era um soldado, nada foi revelado ou informado a opínião publica.

Dia 21 de setembro às 17h Ato de Protesto na Praça da Matriz contra a morte de Elton Brun da Silva e dezenas de feridos, a impunidade e a corrupção.

-------------------------------------------------------------

No Limite

Nota do MST indica que o cenário político agrava a situação social dos Sem Terra. O desenho que vai tomando conta do estado brasileiro é de figura medonha que resulta das alianças que estão se formando visando as eleições. Vai da aberta aliança dos capitais que pretendem aumentar o controle sobre a riqueza natural e a consciência do povo – passando pelo controle da terra, da Amazônia, do pré-Sal ao aumento dos benefícios para as igrejas, à legalização dos bingos.

Abertamente parlamentos, judiciários, executivos assumem posições políticas financiadas por empresas estrangeiras que tem interesses monopolistas. Aliás, carnes, cimento, aço, bebidas, comunicações, etc, etc, abertamente, repito, são setores controlados por meia dúzia. A meia dúzia que também controla o aparelho de estado.

Não são apenas os partidos que estão comprometidos, portanto, com esta situação. Há um conjunto grande de lideranças sociais, religiosos e econômicos que a apóia. Neste cenário foi fulminado o Estatuto da Igualdade Racial, a possibilidade de melhorar as chances da Reforma Agrária através de novos mas atrasados índices de produtividade no campo, a Conferência de Comunicação arrasta-se para não mudar nada e ficar como uma enganação democrática, mais uma.

É neste cenário que serão realizadas as eleições de 2010.

Aos que discordam, resta a luta. Não há espaço nesta institucionalidade para outro caminho. Ela condiciona uma democracia de poucos, que rumina uma liberdade infinita para eles e morte, cadeia, pobreza e/ou sofrimento para os demais.

Aliás, aos explorados, oprimidos e discriminados resta a luta, mas também a inteligência de buscar juntarem-se. Uni-vos não em torno de imbecis e traidores do projeto de defesa da natureza e da vida.

-----------------------------------

Aos amigos e amigas da luta pela terra,

Diante dos ataques da mídia gaúcha e da nova ofensiva de criminalização que assola nosso estado, gostaríamos de esclarecer e compartilhar com todos e todas, a difícil conjuntura agrária pela qual passa o Rio Grande do Sul.

As famílias acampadas no estado retomaram as mobilizações em agosto passado. Somaram-se às mobilizações da Jornada Nacional de Lutas que conquistou o assentamento das famílias vítimas do massacre de Felisburgo, após 5 anos de morosidade; a recomposição do orçamento do INCRA para obtenção de terras e a promessa de atualização dos índices de produtividade, defasados desde 1975.

Estas conquistas e o exemplo de que através da mobilização é possível pressionar os governos e obter conquistas – enquanto a mídia propagava que era preciso ficar quieto e fazer sacrifícios por parte dos trabalhadores para superar a crise – despertou toda a ira e a reação dos setores mais conservadores da sociedade.

Em uma “jogada combinada”, requentaram denúncias da CPMI da Terra sobre entidades que apóiam a reforma agrária, que já foram comprovadas como infundadas, e usam as mesmas velhas denúncias para criar uma nova CPI. Ao mesmo tempo em que gritam desesperadamente contra a atualização dos índices de produtividade, que a lei previa a atualização a cada cinco anos e que completam trinta e quatro anos de atraso.

No Rio Grande do Sul, a criminalização e a violência contra os movimentos sociais aumenta na mesma proporção em que se tornam cada vez mais evidentes as provas da atuação da quadrilha que ocupa o Palácio Piratini.

Com um agravante, tanto no estado, quanto nacionalmente, a inoperância, a lentidão e a falta de mecanismos para desapropriação pelo INCRA resulta não apenas no descumprimento do Termo de Ajuste de Conduta, assinado em 2007 e que previa o assentamento de 2 mil famílias, até hoje não cumprido, como em situações de precariedade nos novos e poucos assentamentos implantados. É o caso de São Gabriel, onde de fato, tudo o que foi construído nos assentamentos foi obra das próprias famílias que até hoje permanecessem sem acesso à educação e a saúde.

Foi esta situação em que 350 crianças perderam o ano letivo e outras três crianças faleceram por falta de atendimento médico no município, que levaram as famílias acampadas e assentadas da região à ocuparem a Prefeitura em agosto. O despejo desta ação está sendo investigado pela Comissão Estadual contra a Tortura pela evidência do uso de armas de choque e agressões contra pessoas algemadas, além de dezenas de feridos, com braços quebrados, estilhaços de bombas etc.

Apesar das denúncias de mais um de tantos atos de criminalização, a situação permaneceu inalterada e um novo despejo, desta vez da Fazenda Southall, não teve a omissão das autoridades públicas, pelo contrário, contou com a participação efetiva do Ministério Público Estadual. O descontrole, a violência e a truculência que são marcas deste Governo do Estado vitimaram o trabalhador sem terra Elton Brum. O seu assassino, provavelmente segue nas ruas, já que misteriosamente teria sido identificado, mas não detido. Seu inquérito esconde muitas lacunas e a possibilidade de que esta sendo construída uma história fictícia é evidente.

Mesmo diante da brutalidade dos fatos, as famílias acampadas esperavam ao menos conquistar o assentamento nas Fazendas Antoniazzi, também em São Gabriel. Surpreendentemente, o INCRA desiste destes sete mil hectares, ao mesmo tempo em que não oferece nenhuma outra área ou possibilidade de assentamento. Comprovando o que já se imaginava: não há nenhuma perspectiva de novos assentamentos pelo próximo período no Rio Grande do Sul. Há fortes indícios de que não são problemas com os herdeiros da área que impedem esta desapropriação, mas irregularidades técnico-administrativas do próprio órgão.

Novamente, diante deste quadro, não tínhamos outra opção se não pressionar o próprio INCRA. Que outra opção teríamos? Os acampamentos nas margens das estradas estão sendo despejados, como novamente ocorre agora em Sarandi; os acampamentos dentro de áreas de assentamentos também estão ameaçados e não são considerados pelo INCRA, daí a diferença entre o número real de famílias acampadas e o número divulgado pelo Instituto. Se não podemos permanecer nem no latifúndio, nem na margem das estradas, a quem deveríamos pressionar se não o órgão constitucionalmente responsável pela reforma agrária?

Porém, durante a ocupação do INCRA, não apenas confirmamos que não haverão novos assentamentos, como nos vimos diante da intolerância, da falta de diálogo e de um discurso publicitário e falso do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Decidimos nos retirar tanto do INCRA, quanto de São Gabriel, para evitar novos conflitos, já que o ministro Guilherme Cassel entregou a questão da reforma agrária à Polícia Federal, além de desqualificar as famílias em nota à imprensa.

Infelizmente, esta situação de tensão, combinada com descaso, gerou indignação e comportamentos individuais de revolta, que desaprovamos, mas não corresponde aos números exagerados divulgados pelo INCRA e MAPA na imprensa.

Lamentamos também a postura do MAPA, que é quem está realmente “enquadrado”. O que deveria ser um órgão público a serviço de toda sociedade, reduz-se à ao trabalho de ser balcão de negócios e “garoto de recados” do agronegócio. Sua fragilidade e dependência ficam evidentes quando o Governo Federal decide atualizar índices de produtividade – trinta anos defasados – e o Ministério sai em defesa de seus verdadeiros senhores com medo que os índices revelem que por trás de toda publicidade do agronegócio, só o que existe são volumosos recursos públicos.

Não significa que desistimos da luta. A própria conjuntura não nos oferece outra opção que não seja lutar, pois sequer permanecer na beira de estradas é permitido no Rio Grande do Sul. Novas mobilizações virão e com elas, podem ter certeza, mais e mais ataques desqualificados, mais matérias plantadas nos jornais, mais gritos de um latifúndio sustentado pelos créditos financeiros estatais.

Mas temos a convicção de que todas as 14.000 famílias assentadas no Rio Grande do Sul conquistaram suas terras através da luta e somente através dela. Não foram benefícios concedidos, nem regalias. E será através da luta que as 2 mil famílias acampadas no estado também serão assentadas e que erradicaremos a pobreza e a miséria do campo.

Coordenação Estadual MST - RS

12 setembro 2009

O blog Suvaco de Cobra - Hip Ho posta artigo de Edson Lopes Cardoso situando com precisão o significado da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, pela Câmara dos Deputados.
Eis o artigo:

É o racismo, estúpidos

O repórter Bernardo Mello Franco, de “O Globo”, escreveu que a “Câmara dos Deputados aprovou ontem uma versão esvaziada do Estatuto da Igualdade Racial”. Na mesma reportagem, o ministro Edson Santos afirmou que “o grande avanço é que ele não vai gerar conflito”. (O Globo, p. 11.)

O Dep. Luiz Alberto (PT-BA) por sua vez afirmou, em pronunciamento da tribuna da Câmara, que o texto aprovado era “o possível”. E acrescentou: “Em caráter conclusivo, a matéria vai ao Senado Federal, onde também há um acordo para imediatamente se constituir uma Comissão Especial para aprovar o Estatuto, a fim de que o Presidente Lula, ainda este ano, possa sancioná-lo e dar ao Brasil uma oportunidade de se criar uma verdadeira democracia.”

Segundo ainda a reportagem de Bernardo Franco, “o DEM elogiou as mudanças”. Quem conduziu as negociações pelos Democratas foi o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e já se pode bem avaliar a profundidade (e a realidade) da “verdadeira democracia” para a qual se abrem agora todas as oportunidades.

Johanna Nublat, repórter da “Folha de S. Paulo”, escreveu que a oposição, comandada por Lorenzoni, afirmou “ter tirado todos os pontos com os quais não concordava”. (FSP, p. C9.) Ao “Correio Braziliense”, o deputado fez declarações mais incisivas: “Tiramos qualquer tentativa de racialização do projeto”. (CB, p. 11.)

Nublat, aliás, é autora da pérola mais preciosa escrita sobre a versão do Estatuto aprovada ontem na Câmara dos Deputados: “Há também pontos mais práticos, como a possibilidade de o governo criar incentivos fiscais para empresas com mais de 20 empregados e pelo menos 20% de negros.”

Quando o ponto mais prático é uma possibilidade, o leitor pode bem dimensionar o que representa a proposta aprovada para a superação das desigualdades raciais. Nem falo de racismo, porque a Comissão Especial, a rigor, nunca tratou do tema. Mas é fato que, sem falar de racismo, não alcançamos as motivações fundamentais.

Há algumas semanas, a mídia divulgou a discriminação sofrida por Januário Alves de Santana, agredido por seguranças do supermercado Carrefour numa cidade da Grande São Paulo. Todos conhecem a história do homem negro, técnico em eletrônica, que foi acusado de tentar roubar seu próprio veículo, um EcoSport. Acusado e violentamente espancado nas dependências do Carrefour.

Segundo ainda o noticiário, Januário viveu tantos constrangimentos após a compra do veículo, que decidiu se livrar dele. Creio que deveríamos fazer uma reflexão sobre como essas imposições violentas de limites têm afetado a população negra. Inclusive entidades e parlamentares.

Por causa de seus traços fisionômicos, seu fenótipo, e de um conjunto de injunções decorrentes da hierarquização do humano vigente entre nós, Januário vê-se obrigado a rever seu projeto, reduzindo suas dimensões, buscando adequar-se aos limites impostos pelo racismo.

Um modelo mais modesto de veículo talvez lhe permitisse acomodar-se aos limites rígidos preestabelecidos, seguramente é o que pensa Januário.

Segundo os seguranças do Carrefour citados na revista Carta Capital, tudo, toda a informação estava na cara de Januário. Sua cara não nega, teriam dito os seguranças. E mais: “Você deve ter pelo menos três passagens pela polícia”. Sendo assim, não admiraria que Januário, renunciando a seu projeto legítimo de possuir um EcoSport, fosse preso ou assassinado conduzindo uma bicicleta.(Carta Capital, nº 560,25/08/09 p.16.)

O fato é que os negros vivem em um mundo em que se sabe de antemão muita coisa sobre eles. Impressiona a quantidade de informação que o olhar racista pode colher em um rosto negro. Os negros são no Brasil a evidência pública de um conjunto de delitos.

Apoiado por muitos outros autores, Umberto Eco afirma que é o outro, é o seu olhar, que nos define e nos forma. E não se trata aqui, diz ele, de nenhuma propensão sentimental, mas de uma condição fundadora (ver Cinco escritos morais. Editora Record, 1997, p. 95.)

Já sabemos como somos vistos e, a partir desse olhar, como devemos nos definir e conformar nossos projetos. Seria melhor dizer como devemos amesquinhar e reduzir nossos projetos. Sonhos não realizados, esperanças frustradas reafirmando e reforçando a ideologia que previamente nos classificou a todos.

Os parlamentares negros que ontem cantaram e ergueram os punhos fechados e se abraçaram ao DEM, o ministro Edson Santos, a Seppir, a Conen, a Unegro, todos comemoravam no fundo a redução e o amesquinhamento do projeto de Estatuto. Conformaram-se ao “possível”. Confiam que na redução ainda se podem projetar ganhos eleitorais. Vão colher, seguramente, o que plantaram.

Edson Lopes Cardoso
edsoncardoso@irohin.org.br

11 setembro 2009

DESPEJO EM ALDEIA INDIGENA DE MS DEVE ACONTECER AMANHÃ

PF afirma: “Lula diz que ordem judicial é para ser cumprido”

“O Lula já diz que ordem judicial é para ser cumprido”, expressa o delegado da Policia Federal ao doutor Rogério Batalha, advogado do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), antes de entrar com quatro viaturas e mais 15 homens fortemente armados numa fazenda do município de Rio Brilhante no Estado de Mato Grosso do Sul. O motivo da presença deles ontem na fazenda Santo Antônio de Nova Esperança foi acompanhar um oficial de justiça que estava levando um mandato de reintegração de posse e tentar despejar uma comunidade indígena Kaiowa-Guarani conhecida com o nome de Laranjeira Nhanderu. E, ainda antes de entrar na aldeia indígena, o delegado tenta explicar ao advogado do CIMI o ato de injustiça, em nome da justiça, que iria acontecer. Fazendo um desenho com o dedo sobre o camburão diz: “Os índios não vivem em uma ilha, eles estão dentro de um pais que se chama Brasil”. Ato seguido a porteira da fazenda foi aberta pelo fazendeiro e a força policial entrou dentro da fazenda rumo à aldeia. É a mesma porteira que fica sempre fechada quando agentes de saúde da FUNASA quer entrar com o carro dentro da aldeia, a mesma porteira com cadeado que sempre impede a entrada do ônibus escolar na aldeia para levar as crianças indígenas na escola de Rio Brilhante, a mesma que não deixa passar a camionete de cesta básica da Funai dentro da fazenda e socorrer os indígenas.

Na beira da BR 163
Dentro da terra indígena Laranjeira Nhanderu o mandato foi lido e entregue à comunidade e depois de várias horas de conversa, finalmente, a Policia Federal deu 48 horas de tempo para os indígenas abandonar a terra reivindicada por eles como território tradicional. O despejo vai acontecer amanhã, porem os indígenas decidiram abandonar pacificamente a área. São 130 pessoas, uma grande quantidade de crianças e muitas pessoas idosas que estão se dispondo para fazer parte de mais um acampamento indígena na beira da estrada. Com Laranjeira Nhanderu vai se completar 20 acampamentos indígenas no Estado. São 35 famílias as que reclamam nesse lugar a restituição de suas terras tradicionais perto da BR 163 a 150 km de Campo Grande. As ameaças de despejo têm sido uma constante para a comunidade e na vida do grupo Kaiowa-Guarani. Duas crianças morreram nos últimos meses em decorrência da falta de permissão da assistência à saúde pois a porteira da fazenda não foi aberta e três jovens se suicidaram, sob as pressões da reintegração de posse.

A Comunidade já tinha sofrido muito na primeira tentativa de despejo em maio deste ano quando o Governador André Puccinelli anunciou publicamente que, caso a Polícia Federal não efetuasse o despejo, ele mesmo determinaria que a Polícia Militar fizesse a reintegração de posse. Com isto ficou evidenciado que a próprio governador do Estado pode disponibilizar da Policia Militar voluntariamente contra as comunidades indígenas em Mato Grosso do Sul.
Fonte: CIMI/MS
CAMPAÑA PUEBLO GUARANI, GRAN PUEBLO
ÑEMBOGUATÁ TETÃ GUARANI, TETÃ TUICHÁVA
CAMPANHA POVO GUARANI, GRANDE POVO
PARAGUAY – BRASIL – BOLIVIA - ARGENTINA

Carta de solidariedade dos movimentos sociais por ocasião do despejo ao povo Guarani Kaiowá
11/09/2009 - 12:24
Carta de repúdio à desocupação da Terra Indígena Laranjeira Ñanderu

Nós, abaixo-assinados, manifestamos o nosso veemente repudio à atitude de despejo que está sendo realizada na Terra Indígena Laranjeira Ñanderu, no município de Rio Brilhante no estado do Mato Grosso do Sul.

Consideramos que as políticas públicas ineficientes para as comunidades indígenas neste Estado estão levando a essa atitude inadequada e desumana. São muitas famílias que estão vendo seu Tekoha ser ameaçado, porque não há um respeito ao seu direito tradicional.

É profundamente lamentável e desumano que o grupo indígena que esteve há séculos naquela terra, da qual foi violentamente expulso, seja agora mais uma vez jogado para fora. Essa terra é indispensável para os indígenas continuarem a viver conforme lhes garante a Constituição.

Os agentes contrários aos direitos indígenas e responsáveis diretos por mais essa violência terão que dar conta aos cidadãos deste país e do mundo por mais essa agressão às comunidades originárias dessas terras, sendo hoje submetidas a uma das situações de maior violência de que se tem conhecimento.

Enquanto está em curso, embora tardiamente, o processo de identificação dos territórios tradicionais dos Kaiowá Guarani, acontece esse despejo, indicando uma contradição entre o discurso e a ação no sentido de resolver a questão da terra. Mas o que se vê são os sofrimentos sendo propiciados a grupos que estão sendo expulsos.

Estamos solidários à comunidade de Laranjeira Ñanderu e queremos denunciar mais esse absurdo despejo, o qual faz parte da estratégia de concentração de terra e capital nas mãos de uns poucos donos do capital nacional e internacional.

Só haverá, efetivamente, condições de justiça e democracia quando forem reconhecidos os direitos e demarcadas as terras indígenas, nesse caso, em especial no Mato Grosso do Sul.

Diante dessa situação não podemos nos calar, pois ela se torna, a cada dia, uma calamidade publica. Como cidadãos e cidadãs temos a obrigação de defender os povos, que desde a sua colonização foram massacrados. Elegemos representantes para legislar e queremos cobrar deles o compromisso do que ficou garantido na Constituição Federal.

Não haverá tempo para a espera, o poder público deve resolver esse impasse urgentemente, precisamos pagar essa dívida logo e poupar esse povo de sofrimentos vindouros. Por isso exigimos que se devolva aos povos indígenas o que lhes é de direito, não os deixem às margens da vida. Até quando teremos que conviver com injustiças desse porte? Respondam-nos se puderem senhores dirigentes!

O povo lamenta essa situação, e só cabe a vocês, dirigentes dessa nação, a responsabilidade de dar a oportunidade de continuidade dos Kaiowá Guarani. Não há mais tempo...

PARTICIPANTES DO III SEMINÁRIO POVOS INDIGENAS E SUSTENTABILIDADE: Saberes Locais, Educação e Autonomia.

Assinam: professores indígenas, professores não indígenas, pesquisadores, gestores educacionais, acadêmicos indígenas e não indígenas.
Campo Grande, MS ,10 de setembro de 2009