07 setembro 2008

AS-PTA Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa apontou, em seu boletim Número 409 – de 06 de setembro de 2008, as insuficiências da matéria publicada no jornal Valor Econômico em 29 de agosto. A reportagem é sobre a criação do Programa Amaggi de Soja Responsável, da empresa Amaggi, de esmagamento e exportação de soja, do Grupo André Maggi, da família do governador do Mato Grosso, Blairo Maggi.
Diz a nota da AS-PTA:

Segundo a matéria, “a soja transgênica ‘sustentável’ está inserida no Programa Amaggi de Soja Responsável.” Este “projeto-piloto inédito” teria o objetivo de ampliar a entrada da soja transgênica no mercado europeu.

Segundo informa a matéria, o programa consiste unicamente na colocação em prática das leis brasileiras e internacionais, como a preservação de cobertura vegetal mínima, o manejo correto de agrotóxicos, do solo, da água e a garantia de que nenhuma fazenda emprega crianças ou mão-de-obra análoga à escravidão.

A Amaggi não poderá certificar sua soja como “sustentável”, uma vez que “a certificação tem como premissa que o produto não prejudica o homem nem o ambiente, o que ainda não é comprovado cientificamente nos alimentos transgênicos”.

A matéria então explica que, “para contornar esse problema, o grupo Amaggi contratou a certificadora européia Cert ID, no Brasil sediada em Porto Alegre, para fazer a ‘verificação’ de seus fornecedores de soja. A verificação apenas atesta que as fazendas estão (ou não) seguindo padrões determinados pela empresa.”

A rejeição aos transgênicos na Europa nunca diminuiu. Ao contrário, tem se fortalecido nos últimos anos, o que levou os governos de diversos países a proibir estes cultivos recentemente. Já são sete os países europeus que tomaram iniciativas
neste sentido: a Áustria, a Grécia, a Itália, a Hungria, a Romênia, a Polônia e, mais recentemente, a França. A rejeição às lavouras transgênicas também tem crescido na Espanha e em Portugal, com a declaração de dezenas de zonas livres de transgênicos.

É incrível que, tendo o interesse em exportar, a Amaggi prefira a estratégia de tentar burlar o consumidor e enfiar-lhe os transgênicos goela abaixo, ao invés de escutá-lo e converter sua produção para não transgênica.

E, como não podia deixar de ser, a reação já está começando. Segundo informa a mesma matéria do Valor, “algumas organizações ambientais, como a Solidariedade,
já armam protestos na Holanda, a porta de entrada de vários produtos agrícolas para a Europa, contra a chegada de farelo transgênico no continente.”

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