02 dezembro 2008

O periodo histórico da Ditadura ainda não acabou


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quadro histórico
Sou testemunha viva da perseguição que este jornal sofreu na época da Ditadura Militar, e neste momento histórico, eivado de corrupções.
Nada justifica o gasto publico para a existência da justiça se ela não faz Justiça.


A Tribuna da Imprensa está em dificuldades.
O que parece ser dificuldades econômicas é, na verdade, perseguição política.
Sou testemunha viva desta perseguição. Não falo do período lacerdista, pois não o vivi, mas do que veio no período da Ditadura Militar, quando não mais seguia a orientação do falecido ex-governador da Guanaba.
A ditadura militar submeteu os órgãos de imprensa a controle, mas com o aparato militar e presença física, acho que é imbatível.
A TI, de antes do controle, estava em ascensão jornalística. Tínhamos estratégias de cobertura dos movimentos sociais, especialmente das lutas estudantis, parlamentares, sociais.

Alguns jornalistas contribuíram para a perseguição do grupo que trabalhava ali. Foram presos, foragidos, viveram na clandestinidade. Não sei se mortos, mas o clima de horror atingiu diversas vezes a redação.
O jornal foi publicado diversas vezes com espaços em branco. Da minha parte, então, era essa a resposta. Censurou? Assuma a responsabilidade. A minha era entregar as páginas de economia, primeiro, e, internacionais, depois, prontas para o diagramador. E ia embora. Soube muitas vezes que ele ameaçou mandar me prender se não esperasse o fim do trabalho dele.

Sempre disse que cada um fazia o seu trabalho. O meu não era esperar o dele.
A TI foi perseguida e continua perseguida. Os fundamentos desta situação só desaparecerão num futuro, numa história muito adiante. Neste momento é necessário dizer que há injustiça continuada que precisa cessar. O que precisa cessar, portanto, não é a TI. Para garantir a história futura.

A ação de reparação da parte ilíquida do processo, que deveria possibilitar a real recuperação da empresa, não foi feita, deixando a mostra que o interesse central da empresa não é enriquecer.

Na parte líquida, o juiz de primeira instância condenou a União ao pagamento da indenização. Mas, desde 1982, até este ano de 2008 (26 anos), a decisão está parada nas instâncias superiores. O processo não inclui o atentado terrorista sofrido pelo jornal em 1981, que destruiu prédios com maquinas, redação, arquivo (a minha história de trabalho – de aprendizado de ser jornalista, estava lá), e outros departamentos que compunham a empresa. Acho um erro, é a parte mais valiosa da empresa. Falo da minha história, mas é nada se olharmos os personagens e os fatos históricos de que ela participou. Independente de alguém gostar, ser a favor ou a odiar, a inteligência sempre vai considerar que a história deveria guardar os originais para entender melhor a sociedade brasileira. Não há como fugir da busca da inteligência com informação correta.
A imprensa hoje (02/12/08), por exemplo, ZH de Porto Alegre, informa que buscando contato com o Ministro do STF responsável pelo processo, Joaquim Barbosa, informou que ele está de licença médica e não se pronunciaria. Má hora para ficar doente, mas isto acontece. Entretanto, o processo está em sua mesa, segundo informação da TI, há quase 3 anos.
A presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio, Suzana Blass faz relato sincero da situação. Diz que a Tribuna da Imprensa não paga Fundo de Garantia do Tempo de Serviço nem INSS desde 1995. Que os empregados não receberam os salários de outubro e novembro. E que houve atrasos em outros meses (pagos sob ameaça de greve). Que a situação da empresa é grave. Foi lá um dia e viu que não havia dinheiro para comprar tinta para impressão. O jornalista Hélio Fernandes afirma, em documento público, que o primeiro compromisso é que “essa primeira indenização será toda destinada ao pagamento de DÍVIDAS obrigatórias contraídas por causa da perseguição incessante comprovadamente sofrida.”
Portanto, para se fazer justiça, longe de ser econômica ou histórica, é social e política, é necessário que o magistrado do STF se recupere logo de sua licença médica, e dê seu veredicto dizendo que a União deve e deve pagar a TI.
Luix

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