07 fevereiro 2010

Sepé Tiaraju

Hoje é o dia do assassinato do líder da luta contra o imperialismo espanhol e português nas disputas políticas e militares na possibilidade de construção do que seria, no futuro, as fronteiras nacionais e regionais, que ultrapassam, em muito, até hoje, o conceito entendidos nas academias.
Sepé Tiaraju morreu em combate, em 7 de fevereiro de 1756. Foi ferido, caiu, desprotegido, levou um tiro, sem defesa.

Era a esperança de milhares de indígenas que acreditaram na aliança com a cultura jesuítica. Construíram, juntos, experiência social que merece respeito de todos os seres humanos. Em arte, cultura, educação, política e administração.

As realizações foram aclamadas por todos os grandes pensadores europeus, da sua época.
Porque aqueles índios – e os anteriores nos continentes – não viviam medicando? Sepe é represente deste pensamento, deste sentimento. Representa o perigo da autonomia, da liberdade, da rebeldia contra os despotismos, contra os imperialismos.

Os índios aceitaram certas situações da cultura religiosa jesuítica. O arcabouço geral da arquitetura cultural era espanhol. A igreja era o marco da Praça central, a partir de onde se erigia as demais construções.

A partir daí, até hoje, onde os índios são localizados em lugares que chamam-se Reduções. Ali os índios Guarani pensaram poder desenvolver suas artes na agricultura, pecuária, marcenaria, pintura, escultura. Todos índios aprendiam um ofício e todos os ofícios eram arte.

Construíram 33 cidades da República dos Guaranis. Todas eram prósperas e organizadas, contando com uma população de 6 a 10 mil habitantes. Mas o Tratado de Madri, de 13 de janeiro de 1750, definiu que os povos missioneiros deviam abandonar toda construção, dentro de no máximo um ano. O Tratado tinha intenção de resolver os conflitos entre Portugal e Espanha. Trocava os Sete Povos das Missões que ficaria para Portugal, pela Colônia de Sacramento, que ficou para a Espanha.

Sepé defendia os povos das Missões, no conflito dos interesses entre Portugal e Espanha. Como prevaleceu a cultura portuguesa na formação cultural do RS, Sepé passou a ser desrespeitado. Para os dominadores (os tradicionalistas especialmente), não fazia parte da formação social do rio grande do sul. Quando de seu centenário, o Instituto Histórico Rio-grandense não o reconheceu, vetando a construção de um monumento em sua homenagem.
Um dia, na luta daqueles tempos, Sepé reuniu seus guerreiros e partiu a cavalo ao encontro do inimigo. Foi feito prisioneiro e levado a presença do general português Gomes Freire de Andrade, que chefiava o exercito unificado de Portugal e Espanha (Seu pai, Ambrósio Freire de Andrade colaborou com o Marques de Pombal, inclusive na luta contra a Companhia de Jesus). O encontro tem relato de que ele não se sujeitou a beijar a mão do representante imperial:

- Ninguém me obrigará a beijar a mão de outro homem. Depois sou eu o dono destas terras que tentam tomar. O general português riu-se: - "Você é apenas um pobre bárbaro, mais nada."
- "Bárbaro? Tu é que pretendes arrancar a terra de seu dono e eu luto em defesa de meu povo.
Quem é afinal, o bárbaro aqui?"
Em 1983, as Ruínas de São Miguel Arcanjo foram tombadas pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade, o único no Rio Grande do Sul. O capitalismo atual as reduziu a pontos turísticos integrando o Circuito Internacional das Missões Jesuíticas, criado em 1994 e lançado pela UNESCO em 1997, em Havana, como o quarto Roteiro Turístico em nível mundial.

E Sepé, é símbolo nas lutas dos povos oprimidos pelo imperialismo, todos. Sepé é símbolo de cultura e de possibilidade de nação com independência, liberdade, equilíbrio, ecologia, meio ambiente, a serviço dos seres humanos. Por isto deixou claro que "ESTA TERRA TEM DONO..", frase dos que lutam pela reforma agrária, pela justiça na cidade e no campo até hoje e podemos entender porque não tem repercussão na cultura e sociedade que vivemos.

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