19 novembro 2007

Zumbi vive para um outro Brasil

Para marcar o dia 20 de novembro em Porto Alegre estão agendadas diversas atividades.
A principal é MARCHA ZUMBI – 2007, organizada pelo Movimento Social Negro e pela CUT do RS.
Concentração: 17h
Local: Largo Glênio Peres
A marcha seguirá pela Av. Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, com grande Ato Político e Cultural às 19h.
Outra atividade é o Seminário:

Mulheres Negras: resistência e vida, promovido pelo INSTITUTO DHESCA DO BRASIL – IDHESCA, neste 20 de novembro, às 14 horas, na Sala Salzano Vieira da Cunha – 3 º andar da Assembléia Legislativa/RS.

A luta por um outro país

As lutas por um Brasil sem divisão de classe e sem preconceitos sociais são as principais preocupações – junto com a preservação do ambiente – para a construção de um outro pais, com oportunidade de realização para todos.
O poder existente é continuação do imposto as sociedades indígenas existentes quando da chegada dos colonizadores portugueses e demais dominadores, desde a descoberta.
São mais de 500 anos de violência, sofrimento e agonia.
Desde lá, vieram não só com doenças, mas com as idéias da discriminação e da sujeição social para conseguir dominar. A profundidade deste crime é o retrato de injustiças social que faz do Brasil um dos paises mais desiguais do Planeta.
A maioria da população é marginalizada. Os explorados são os que conseguem vender sua força de trabalho formal. No neoliberalismo, uma parte ainda maior do que a dos trabalhadores formais é marginalizada. Os privilegiados não precisam comprar seu trabalho formal, ao marginaliza-los, os utilizam como meio para manter seu regime de violência e terror social. A maior parte dos marginalizados são negros e negras. Com os indígenas, são os mais marginais entre os marginais, os mais pobres entre os pobres. Para a elite, indígenas são nada, “inúteis e vagabundos”.
Os dados do DIEESE - Departamento Intersindical de estatística e Estudos Socioeconômicos informa que:
· Se conseguir entrar no mercado de trabalho, o negro ganha até a metade do salário dos de outras raças.
· Que a taxa de desemprego entre os negros na Região Metropolitana de Porto Alegre é de 20,3%, e entre “não negros” é de 13,5%.
· Que somente 4,5% da população negra acima de 10 anos chega à universidade; entre os não negros, o percentual sobe para 15%.
A situação histórica colocada precisa da unificação das lutas dos “de baixo”, em torno de um projeto, para ter um fim.
As reparações clamam por militância unificada em torno de projeto para um outro Brasil.
Recuperar o ideário de Zumbi não é apenas rememorar Palmares, mas resgatar um importante exemplo de luta e organização pela emancipação do povo brasileiro.
REPARAÇÕES JÁ!
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Os negros e negras gaúchas na luta

Mas a sociedade negra riograndense reage. Os negros e negras do Rio Grande do Sul tem papel destacado na luta por uma sociedade sem classes e sem preconceitos sociais. Foi a atuação do Grupo Palmares de Porto Alegre que, em meados dos 70, levou a instituição do dia 20 de novembro, como referência e em contra ponto ao 13 de maio, dia da falsa Abolição.
Quem foi Zumbi dos Palmares?
Líder do Quilombo de Palmares e símbolo da resistência contra a escravidão foi assassinado em 20 de novembro de 1695.
O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, nas terras da Serra da Barriga, atual estado de Alagoas.
O seu ideal de liberdade e organização fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade.
Em 1695, a expedição de Domingos Jorge Velho destruiu o Quilombo dos Palmares e assassinou Zumbi.
O Quilombo precisava ser destruído porque era território livre e símbolo da resistência ao regime escravista e da consciência negra de homens e mulheres em busca da liberdade e da construção de uma nação.
Em 1995, depois de 300 anos de seu assassinato, foi realizada no dia 20 de Novembro, a Marcha Zumbi dos Palmares – contra o Racismo pela Igualdade e a Vida reunindo em Brasília cerca de 30.000 pessoas, e Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro como herói nacional.

Um pouco de história

Por mais que sua imagem esteja diretamente associada ao Quilombo dos Palmares, Zumbi não participou da fundação comunidade auto-sustentável formada por escravos fugidos dos canaviais brasileiros.
A origem da palavra quilombo está nos termos "kilombo" ou "ochilombo", da língua falada ainda hoje por povos Bantos da região de Angola. Originalmente, a palavra designava “um acampamento” utilizado por populações nômades ou em deslocamento.
A organização social e política dos quilombos seguiam variações culturais que misturavam à cultura guardadas pelos negros e negras os moldes republicanos e imperiais em que estavam mergulhados. Historiadores defendem que muitos quilombos, inclusive o de Palmares, tinha certa hierarquia monárquica, semelhante ao modelo tribal de muitos povos africanos.

O quilombo dos Palmares foi fundado em 1580, na Serra da Barriga, no Estado de Alagoas, por escravos fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia.
Formado por inúmeras vilas ou mocambos - espécies de cidades cercadas, como as da idade média - o quilombo dos Palmares chegou a ter cerca de 20 mil habitantes.
Zumbi nasceu em um dos mocambos de Palmares em 1655.
Era neto de Aqualtune, princesa congolesa vendida como escrava.
Aos seis anos de idade, Zumbi sobreviveu a um ataque ao quilombo. Sua vida foi poupada e entregue padre jesuíta português António Melo. Rebatizado "Francisco", Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim.
Menos de 10 anos depois, Zumbi fugiu e voltou a Palmares.
Aos 20 anos, já era um estrategista militar respeitável pela sua destreza e astúcia na luta.
Em 1678 o governador da Capitania de Pernambuco propõem a Ganga Zumba, tio de Zumbi e líder dos Palmares, a liberdade de todos os escravos fugidos, mas o quilombo tinha que se submeter à autoridade da Coroa Portuguesa.
Ganga Zumba aceitou a proposta, Zumbi não.
Desafiando a autoridade do tio e prometendo manter a luta à Coroa, Zumbi tornou-se o novo líder dos quilombolas.
Há historiador que defende que a passagem de comando deu-se de forma natural já que em muitas tribos africanas, a sucessão era de tio para sobrinho e não de pai para filho.
Zumbi foi o líder de Palmares por 15 anos.
Em 6 de fevereiro de 1694, a capital de Palmares, o mocambo do Macaco, foi destruída.
Em 20 de novembro de 1695, após Zumbi foi morto, provavelmente na Serra Dois Irmãos, onde hoje é o Ceará.
Zumbi teve sua cabeça cortada e entregue ao governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro.
Sua cabeça foi colocada em praça pública. Com a medida, Castro esperava acabar com a crença de alguns negros sobre a imortalidade de Zumbi.
O ato também era para acalmar os ânimos dos fazendeiros que cobravam ações da Coroa contra a fuga de escravos.
O governador, em carta ao Rei, diz que "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."

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