22 janeiro 2009


Religiosos de matriz africana denunciam perseguição e preconceito

Marcando o dia 21 de janeiro, como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, o Conselho Nacional de Yalorixas Ekédes e Ebomis Negras do Rio Grande do Sul e o Fórum Estadual de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana e Segurança Alimentar, FORMA-RS, reuniram mais de mil adeptos em Porto Alegre, e realizaram a I Marcha Estadual pela Liberdade Religiosa e pela Vida.
Pela manhã, os religiosos tiveram audiencia com o secretário de Segurança do estado, Edson Goularte, a quem denunciaram o desrespeito da Brigada Militar, que aceita como “denuncia”, a prática do culto, enviando viatura para interromper atividades religiosas.
O conselheiro da Congregação em Defesa das Religiões Afro-Brasileiras - CDRAB - Babalorixá Dyba de Iyemanjá, apresentou ao secretário documento apontando que o que tem sido apontado como “crime” é apenas perseguição religiosa, visando silenciar os cultos.
Ainda neste dia 21, os religiosos entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN - no Tribunal de justiça do Estado, contra lei estadual, de autoria do deputado evangélico Carlos Gomes, do PPS, e sancionada pela governadora Yeda Crusius, estabelecendo limites para a emissão sonora em templos religiosos, mas usada apenas para perseguir as religiões de matriz africana.
Depois da atividade no Largo Glênio Peres, onde contou com apoio da comunidade palestina e da manifestação dos estudasntes que lutam para impedir o reajuste do preço do transporte na cpaital, a Marcha seguiu até o Largo Zumbi dos Palmares, onde prestou homenagens as lideranças assassinadas no Quilombo dos Alpes. Foi mais uma denuncia contra a inoperância das autoridades policiais que tinham informações das ameaças que dois quilombolas sofriam, e nada foi feito. Em seguida, os marchantes foram até a beira do rio Guaíba, onde os religiosos renderam homenagens às divindades das águas.
A Marcha antencipou no estado o lançamento da campanha nacional "UM MUNDO COM TOLERÂNCIA É POSSÍVEL”, dentro do projeto CANTANDO AS DIFERENÇAS , que será lançada dia 27 de janeiro durante o Fórum Social Mundial que ocorre em Belém, Pará.
-------------------------------------------
O documento distribuído pelos religiosos durante a Marcha tem o seguinte conteúdo:






O Brasil discursa em todas as mesas internacionais, evidenciando sempre o discurso da Democracia Racial e do País da Tolerância, porém os Brasileiros sabem que este discurso é falso, e não corresponde à realidade vivenciada neste Brasil dito democrático, onde constitucionalmente se estabeleceu o princípio do Estado Democrático de Direito, mas também onde os direitos básicos individuais estão distantes de serem alcançados pelo Povo.
O discurso de que aqui as diferentes religiões existentes neste caldeirão cultural Brasileiro, sempre se respeitaram, também é um discurso vazio e não corresponde à realidade histórica. A Igreja Católica nos 500 anos do Brasil Ocidentalizado perseguiu Judeus, Protestantes, Islâmicos e as Religiões de Matriz Africana, bem como os cultos Indígenas. Hoje a Igreja Católica Romana pediu desculpas e reconheceu as atrocidades cometidas, porém enganam-se aqueles que acham que a Paz e o Respeito pelas diferenças de Credo, embora direito Constitucional, são práticas adotadas na vida cotidiana das pessoas, as Intolerâncias Religiosa, Racial, Sexual ou de Género, são uma realidade da sociedade brasileira. Todos os dias temos relatos de práticas intolerantes que evidenciam o ódio e o desrespeito pelas diferenças, práticas que vão desde xingamentos, agressões, assassinatos. Porém agora surge nova prática intolerante, praticada diariamente nas Casas Legislativas, os Parlamentares Racistas, derramam uma verdadeira enxurrada de Leis que não respeitam as Leis Internacionais tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, bem como a Constituição Federal em seu Artigo 5° e atingem principalmente as práticas das Religiões de Matriz Africana.
É contra a hipocrisia estabelecida no discurso de Tolerância Religiosa, apregoado pela sociedade dominante Excludente, Racista, Machista e Homofóbica que este Fórum luta, e vai a rua reafirmar "Que um Mundo com Tolerância é Possível"
"Enquanto existir uma folha, existirá um Orixá".

Sem comentários: