17 dezembro 2007

Em solidariedade ao bispo Luis Cappio


Ato apóia a luta pela vida do Rio São Francisco e de seu povo

Entidades religiosas e do movimento social do Rio Grande do Sul realizaram na capela da Assembléia Legislativa ato contra a transposição do Rio São Francisco e pela vida do bispo Luis Cappio. O Ato que iniciou ao meio dia, na Praça da Matriz, marcou o inicio do jejum solidário de 6 pessoas que se revezarão em apoio ao do bispo do município de Barra.

No ato foram lidas duas cartas. Uma dirigida aos riograndenses. Diz:
“Aos gaúchos e gaúchas, entidades, organizações não-governamentais, religiões e cultos, movimentos sociais, populares e partidos políticos. Atendendo ao chamado da CNBB, nós, cidadãos e cidadãs, movimentos sociais e partidos, estamos em vigília e jejum solidário a Dom Cappio, bispo de Barra (BA), em greve de fome há 21 dias contra o prosseguimento das obras de transposição das águas do Rio São Francisco.Esta obra, imposta pelo Governo Federal, não beneficia a maioria do povo nordestino ao destinar 96% das águas transpostas para os mais ricos industriais e latifundiários do nordeste. A transposição do São Francisco custará mais de 6 bilhões de reais, pagos com dinheiro público, pertencente a todo povo brasileiro, para beneficiar a empreiteiras como a corrupta Gautama. Enquanto isso, o governo rejeita um projeto alternativo que, pela metade do valor, levaria água para todo semi-árido e mataria a sede do nordeste.Por isso, convocamos todos a prestar solidariedade. Venha depositar sua mensagem de apoio no lençol azul que ficará na Praça da Matriz a partir de hoje, dia 17, até quarta-feira, dia 19, as 12h. As mensagens também podem ser enviadas no endereço eletrônico http://www.umavidapelavida.com.br/.
Assinam: CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil); Instituto Humanitas - Unisinos; Irmãs da Divina Providência; Centro Ecumênico de Evangelização; CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs); Pastoral Ecológica; Pastorais da Juventude; PO (Pastoral Operária); Cáritas brasileira; CIMI (Conselho indigenista missionário); Paróquia N. Sra. da Misericórdia; CPT (Comissão Pastoral da Terra); MST; Via Campesina; PSOL (Partido Socialismo e Liberdade); Dep. Fed. Luciana Genro; Dep. Fed. Adão Preto; Dep. Est. Dionilso Marcon; DCE UFRGS (Diretório Central de Estudantes); UGEIRM; ASSUFRGS; Intersindical; Federação dos Metalúrgicos do RS; Assembléia Permanente em Defesa do meio ambiente; AGAPAN.

A outra mensagem informa que ‘diferente do Lula, que diz dar continuidade a obra, independente do que ocorra com Dom Cappio, diferente do Patrus, que diz ser o Bispo intransigente, nós militantes dos movimentos sociais chamamos todos a luta”:

“Somos todos irmãos
Mas não porque tenhamos
A mesma mãe e o mesmo pai:
Temos é o mesmo parceiro que nos trai.
Somos todos irmãos
Não porque dividimos o mesmo teto e a mesma mesa Dividimos a mesma espada sobre nossa cabeça.
Somos todos irmãos
Não porque temos o mesmo berço, o mesmo sobrenome Temos um mesmo trajeto de sonho e fome.
Somos todos irmãos Não porque seja o mesmo o sangue
Que no corpo levamos:
O que é o mesmo é o modo
Como o derramamos." (Ferreira Gultar)
Querido irmão
Paz e Bem!
Nós, mulheres e homens da Sociedade Gaúcha, reunidos na Praça da Matriz, em Porto Alegre, palco de lutas populares que, como a sua, deixaram marcas na história da classe trabalhadora, compartilhamos do seu gesto, hoje, num dia de Mobilização Nacional, em defesa do Rio S. Francisco e dos povos ribeirinhos e de quantos "bebem" desse Rio - que é profético.
Aqui estamos, em jejum solidário, de amor à vida e continuaremos na luta pela suspensão imediata das obras da transposição, pela retirada do exército, pelo arquivamento do Projeto de morte e pela vitória do Projeto popular de vida, para que assim sobrevivam nosso irmão Luis Cappio e nosso Rio.
Com ternura solidária

No ato circulou a informação de que o Vaticano, aliado às forças conservadoras da igreja católica no Brasil, têm pronto ato que puniria o bispo Luis Cappio pela realização do jejum de protesto. As lideranças presentes no ato manifestaram surpresa quanto a esta possibilidade porque a CNBB tem apoiando a luta em defesa da vida do rio e do bispo. Disseram que o objetivo dos “conservadores” seria tirar força moral e física da luta dos povos ribeirinhos e de Dom Luis, especialmente agora que diversas pessoas, em todo país, aderem ao protesto e iniciam jejum.

Algumas informações:
As criticas ao projeto de transposição situa que:
- O projeto é faraônico e não democratiza o acesso à água para as pessoas que passam sede na região semi-árida, distante ou perto do rio São Francisco.
- Projeto diz que vai levar água para 12 milhões de pessoas. Mas, usando dinheiro público, vai favorecer a empreiteiras, o agronegócio, privatizar e concentrar nas mãos dos poucos de sempre as águas do Nordeste, dos grandes açudes, somadas às do rio São Francisco.
- O projeto de transposição tem pouco a ver com a seca: Os canais do eixo norte, por onde correriam 71% dos volumes transpostos, passariam longe dos sertões menos chuvosos e das áreas de mais elevado risco hídrico.
- 87% dessas águas seriam para atividades econômicas altamente consumidoras de água, como a fruticultura irrigada, a criação de camarão e a siderurgia, voltadas para a exportação e com seríssimos impactos ambientais e sociais.
- Estas implicações não foram discutidas com as populações envolvidas como os ribeirinhos, os pescadores, os indígenas, os quilombolas e a comunidade científica, que desconfiam e rejeitam o projeto.
O projeto alternativo não foi discutido. Seria mais barato e eficazes para um número maior de pessoas.
- O projeto oficial custaria mais de 6 bilhões de reais, atenderia apenas a quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará) beneficiando 12 milhões de pessoas de 391 municípios.
- O projeto alternativo - elaborado pela Agência Nacional das Águas (ANA) e o Atlas do Nordeste - custaria pouco mais de 3 bilhões de reais, atingindo nove estados (Bahia, Sergipe, Piauí, Alagoas, Pernambuco, Rio do Norte, Paraíba, Ceará e Norte de Minas), beneficiando 34 milhões de pessoas de 1356 municípios.
- A Articulação do Semi-Árido (ASA) se propõe construir um milhão de cisternas, tenho já construído 220 mil que atenderia as áreas mais áridas e isoladas da região.

O projeto de transposição vem sendo conduzido de forma arbitrária e autoritária: os estudos de impacto são incompletos, o processo de licenciamento ambiental foi viciado, áreas indígenas e quilombolas são afetadas e o Congresso Nacional não foi consultado como prevê a Constituição.
Das ilegalidades morais e políticas:
- 14 ações de ilegalidades e irregularidades estão para ser julgadas pelo Supremo Tribunal Federal.
- O governo colocou o Exército para iniciar as obras, abusando do papel das Forças Armadas, militarizando a região.
- A decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região, de Brasília, de dez de dezembro de 2007, obrigando a suspensão das obras, comprova o caráter problemático do projeto governamental.


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Quarta feira, 19, haverá ato publico em Brasília em favor da vida do Rio São Francisco e do Bispo Luis Capio.

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