01 dezembro 2007

A XII Marcha dos Sem


A XII Marcha dos Sem deste ano foi marcada por unidade na divergência e expectativas diferentes expressas nos discursos das lideranças dos movimentos sociais.

Ela foi antecedida da Assembléia Geral dos Professores do sistema estadual - dirigida pelo Cpergs - que mostrou força e reuniu mais de 5 mil trabalhadores no Gigantinho.
Os professores decidiram:
- Manter estado de greve;
- Manter mobilização,
- Construir greve;
- Assembléia em março com indicativo de greve.

A decisão dos professores refletiu a Marcha que ocorreu em seguida. Foi de discursos – todos – ofensivos (no sentido de que está na hora dos trabalhadores tomarem atitude), para mudar os rumos da política no estado e no país.

Começou dispersa – muitos dos que participaram da assembléia no Gigantinho, que terminou às 15:30, e estavam esgotados, mas logo se juntaram aos outros manifestantes dos manifestantes do Movimento das Mulheres Rurais; Marcha das Mulheres urbanas, estudantes da UNE, Ubes.
Os do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD), foram efusivamente recepcionados e levantaram alto suas bandeiras um dia após terem sido expostos a toda sociedade, ao marcharem cercados pela tropa de choque da Brigada Militar por um longo caminho, apos terem tentado ocupar prédio abandonado de empresa que faliu (episódio que vamos contar em outro momento).

A unidade da XII Marcha dos Sem foi construída por partidos tanto da base de apoio do Governo Federal, como o PT, o PC do B, o PSB, o PDT quanto de oposição àquele Governo, como PCB, o PSol, o PSTU. Era a unidade da Cut, UNE, Ubes com a Conlutas, Intersindical, contra o Governo Estadual.

Unidade que se manifestou na frase chavão, do início da Marcha:
“Governo Yeda,
é ruim de doer,
Pega um, pega dois,
E também vai pegar você”.

A maioria dos discursos criticou a repressão que tem sido destinada aos movimentos dos trabalhadores do campo ou da cidade. Apontaram que há intensificação do uso do governo estadual da Tropa de Choque da Brigada Militar. Com armas pesadas, para amedrontar, intimidar e humilhar as manifestações reivindicatórias dos trabalhadores.

A presidente do Cpergs Simone Goldschmidt – chamando a atenção de todos para o fato de que a tropa da Polícia militar que acompanhava a manifestação estava com armamento pesado - puxou o refrão:
Você ai fardado,
Também é explorado.

A maioria dos discursou criticou o desmonte do estado:
- Das demissões da Emater – mais de 200 – o que prejudica na eficácia do controle da qualidade de grãos e produção animal.
- Da privatização da Cesa – que armazena grãos, deixando ao sabor do mercado o controle dos preços e a qualidade dos produtos.
- Da situação da Fepam – que cuida dos recursos ambientais e está cada vez mais controlada pelos que pretendem alterar o bioma do estado.
- Da situação da PROCERGS – que, se privatizada, vai permitir que o interesse privado tenha acesso aos dados de identidade pessoal do cidadão.
- Da situação da TVE – que está sendo definitivamente sucateada para justificara a privatização.
- Da situação da UERGS – que o governo pretende transformar em uma ong.


Uma hora e meia depois de terem saido do Gigantinho, 5 mil pessoas chegaram cantando em frente do Palácio Piratini onde foram recepcionados por esquema de segurança rígido montado pela Brigada Militar que fez um brete que os isolou do Palácio. Ali ficou o carro de som com as lideranças da Marcha, esperando o resultado do contato da Comissão que os representava com o governo estadual.

A comissão formada pelo movimento sindical urbano e rural – CUT, Via Campesina, MST, Movimento Pela Moradia, MTD, UNE, Funcionalismo Publico – foi recebida pelo secretário de comunicação do governo Yeda, Paulo Fona.

O discurso mais forte foi o do representante do funcionalismo público estadual. Érico Correa, do conlutas, informou que o governo tem até março para ajudar o funcionalismo público a não ficar com a carga de sacrifício a que não está submetida a parcela mais rica dos empresários do estado, todos subsidiados com os recursos do estado.
Se até lá as coisas não estiverem resolvidas, se juntarão aos professores e demais funcionários públicos e vão parar o estado.

Paulo Fona ouviu o presidente da CUT, Celso Woyciechwski, e informou que a governadora receberia o documento e o encaminharia para
as áreas competentes. Cada área deverá responder segundo as possibilidades e dificuldades que o governo enfrenta, após a derrota de seu projeto de ajuste econômico, ocorrida em 14 de novembro.

Sites locais, entetanto, têm informado que a governadora Yeda Crusius, não despacha mais do Palácio Piratini. Mudou-se para o Centro Administrativo, onde está localizada a maioria das secretarias do governo do estado. Ela abandonou a idéia de morar ali porque a praça, em frente ao Palácio Pirantini, chamada da Matriz, transformou-se em espaço permanentemente ocupado por descontentes, sejam servidores públicos ou outros manifestantes, fazendo barulho, exigindo algum direito ou cumprimento de algum acordo desrespeitado pelo governo estadual ou mesmo federal.

A Marcha encerrou com os manifestantes cantando o hino riograndese.“Que sirvam nossas façanhas, de modelo, a toda terra.”.

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