04 dezembro 2007

A insânia na imprensa

O jornal Zero Hora, do RS, divulgou, às 11h49min do dia 03/12/2007, texto, imagem e filme de profunda irresponsabilidade social, tratando de futebol.
Sob o título “Gaúchos pisoteiam camisa do Corinthians”, a matéria incita ao desrespeito e a violência social. Mas, percebendo a irresponsabilidade, o texto procura se justificar dizendo que é apenas uma “gozação”. Entretanto, fotografar e filmar o fato da alguns torcedores gaúchos colocarem uma camiseta do Corinthians no chão, na esquina das ruas Marechal Floriano e Otávio Rocha, no Centro de Porto Alegre, para ser pisoteada e queimada, e depois publicar isso em seu site e jornal, é apenas gesto de irresponsabilidade jornalística. A matéria vai mais além, em sua incitação ao ódio social entre as torcidas gaúchas e paulistas ao lembrar a ignorância cometida pelo presidente do Corinthians, Andrés Sanches, quando era vice de futebol em 2005, teria dito que o Inter andava de ônibus e o Corinthians, de Mercedes.
Divulgar estes fatos, durante o sofrimento de uma torcida, incentiva não a disputa esportiva, mas o ódio e preparar a desgraça futura. Afinal, em 2008, jogadores gaúchos terão que ir a campos paulistas para os jogos da primeira e segunda divisão, assim como os paulistas terão que retornar ao Rio Grande do Sul para cumprir as tabelas destes jogos. Torcedores fazerem uma brincadeira, é uma coisa. Mas, determinadas brincadeiras, filmadas, fotografadas e exibidas em rede nacional perde a inocência e vira incentivo ao conflito social devido a sua forma de realização. Não é possível que uma empresa de jornalismo não entenda o que significa para um povo, para uma nação, seu hino, sua bandeira. Ainda mais sendo gaúcha.
Aliás, o registro, no mesmo jornal, de que a Brigada Militar estaria pedindo desculpas a repórter paulista, que foi assaltado, perto de brigadianos que não se importaram em socorre-lo, faz parte do ânimo existente de irresponsabilidade política e social das autoridades constituídas no estado.
O jornal ZH do dia 4 de dezembro completa o quadro de insânia em que vivem aqueles que deviam ter mais responsabilidade com a política pública.
A matéria informa que “Agredido e assaltado por um grupo de torcedores”, o repórter Cosme Rímoli, do Jornal da Tarde, de São Paulo, ficou mais revoltado foi com a ação de soldados da BM que pouco fizeram para coibir a ação dos marginais.
Na entrada do Largo dos Campeões, os ladrões dispersaram depois de terem tirado o tênis e o relógio do jornalista, que estava agarrado ao computador para evitar a perda maior, sob o olhar dos policiais que nada fizeram. Ao contrário, ainda se negaram a acompanha-lo para registrar ocorrência. E o jornalista teve que sair correndo, apenas de meias, seguido pelos agressores. Cosme Rimoli só foi socorrido, já dentro do estádio, pelo coordenador de comunicação do Grêmio que providenciou atendimento médico e um par de tênis ao repórter.O major Marco Antônio Quevedo, responsável pelo policiamento do jogo, afirma que o incidente está sendo apurado pela Brigada Militar e que um pedido de desculpas foi feito ao jornalista.”

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