26 fevereiro 2009

Artigo publicado no dia 26 de fevereiro de 2009, no blog “Diário Gauche”. Vale a pena ler.

PT rouba fala de editorial de ZH

Presidente do Legislativo não tem nada a dizer sobre a crise estadual É curioso o quanto o PT/RS ficou baratinado com as denúncias do PSOL ao governo tucano de Yeda Rorato Crusius.

O PSOL é um partido microscópico que ainda não disse a que veio, sem base social, ou melhor com base social exclusivamente em traços da barnabelândia federal, e só. Mas ainda assim, no Rio Grande do Sul está conseguindo deixar o governo tucano e a direita como um todo à beira de um ataque de nervos e sobretudo logrando êxito na ocupação da boca de cena pública com fala própria.

O PT – que perde protagonismo na razão inversa da popularidade do presidente Lula – ficou sem fala no RS. Para tanto, reuniu Executiva e Bancada estadual semana passada, um dia depois das denúncias dos dirigentes do MES, ops, PSOL, e tirou uma nota bisonha. Sem fala, roubou a fala do editorial de Zero Hora que circulou naquela escaldante sexta-feira, 20 de fevereiro.

O que quer o PT? O mesmo que ZH: que o direito de conhecer o conteúdo das provas das denúncias é de todos e que o MPF deve esclarecer, confirmando ou mentindo, sobre o andamento de seu trabalho acerca das Operações Rodin e Solidária. Desse mínimo denominador comum, o PT não se afasta nem para pensar.

Quis o destino que a profunda crise do Executivo estadual ocorresse quando um dos deputados do PT fosse o presidente do Legislativo. Que papel está desempenhando este chefe de Poder no Estado, em face a crise de legitimidade e falência do Executivo, quando tantas coisas precisam ser ditas e caminhos políticos clamam por serem apontados?

Nenhum. Zero. Nada a declarar. O pensamento é uma faca sem lâmina e sem cabo. Nulo.

O Poder Legislativo, hoje liderado por um petista, afirma candidamente que “prefere não interferir” e repetindo a cantilena de nove entre dez próceres da direita guasca afirma:

“Por enquanto, temos uma denúncia sem confirmação. Cabe ao MPF concluir o inquérito e dar publicidade à investigação feita. Não há necessidade de a Assembleia
interferir” – argumenta o presidente Ivar Pavan.

Uma declaração do folclórico Pedro Pereira, deputado tucano e fuinha de Pelotas, não seria tão mitigador e balsâmico ao Piratini, hoje, quanto o foi a omissão do chefe do Legislativo. Um outro editorial de ZH não faria tão bem aos ouvidos da governadora.

Como se vê, o velho Partido dos Trabalhadores está em processo de interrupção definitiva do pensamento, ocasião em que aproveita para roubar falas de cenas que não protagoniza, rebaixando-se ao papel de coadjuvante secundário no palco vivo e candente da crise de legitimidade da direita sulina – um espectro de si mesmo.

Redator: Cristóvão Feil - Data: 26.2.09

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